terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Pato fu

Fui na última sexta-feira, dia 3 de fev, no show do Pato fu e me surpreendi, me convenceram de que são a melhor banda brasileira. Tocam muito e não é só aquele violão meigo com a voz doce da Fernanda Takai, é rock n'roll mesmo, talvez um dos poucos que fazem isso no Brasil. Eles são inovadores e atuais, misturando e brincando com o eletrônico e vozes robóticas, um Chemical Brother mineirinho. Representam a minha época e isso é muito bom. Estava cansada de só curtir música da época em que eu nem pensava em nascer.
E o mais importante pra mim, eles têm letras geniais, que tocam em feridas, e sabem fazer isso de maneira sútil, como a voz da Fernanda; sarcástica, como a mistura da menininha de saia no joelho com rockão atrás, e muito inteligente, com um olhar jovem, melancolico e pertinente sobre o cotidiano. Dá uma olhada nessas duas letras do John:

Vida Diet

A gente se acostuma com tudo
A tudo a gente se habitua
E até não ter um lugar
Dormir na rua

A tudo a gente se habitua
Me habituei ao pão light
À vida sem gás
O meu café tomo sem açúcar
E até ficar sem comer
Sem te ver
A gente custa mas se habitua

Sem giz, sem água
Sem paz, sem nada
Não vai ser diferente
Se eu me for de repente

Se o céu cai sobre o mundo
E o mar se abrir
Em um inferno profundo
Se acostumou sem querer

Ao salto alto
Salário baixo, à vida dura
E até ficar sem tv
É bom pra você
Televisão ninguém mais atura
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Deus

Deus está no sinal vendendo chiclete
Outro me assaltou
Levou todo o meu dinheiro
Me espetou com canivete
Deus arranhou meu carro
E bagunçou meu lixo
Deuses passam fome
A gente passa por cima
Deus é menos que um bicho
Deus mentiu pra mim
Diz que não foi ele
Outro Deus é que é o ladrão
E que tá pedindo pra ajudar
A mãe doente e dois irmão

Deus, meu Deus
Será que você
É só uma ilusão?
Não pode estar vivo
Você come lixo
Você come poluição

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