segunda-feira, 11 de junho de 2007

Esse post é só porque Rio eu gosto de você

Estou em São Paulo há 15 tristes horas. A viagem ao Rio no feriado me encheu de boas energias, limpei a alma e estou renovada. Amei tudo que vi e vivi lá (exceto a rodoviária nojenta que tive de ficar por horas). Quero viver lá, pois descobri que aqui a gente mora, enquanto lá as pessoas vivem.
Conheci tantas coisas lindas, que me deixaram com olhos brilhantes e queixo caído, que é difícil de enumerar. Consegui bons cicerones cariocas e fui a lugares que nunca imaginei, fugindo do costumeiro Cristo/Pão de Açúcar.
Fiquei hospedada em Botafogo, em vez de Copacabana. Não me arrependo. Além de estar em um bairro central, tinha vista para o Cristo e para o Pão de Açúcar. As ruas lá são bem arborizadas e ainda há muitas vilas graciosas. O Hostel era mais família, porque em vez de turista, tinha muita gente que morava lá por meses. E tinha até churrasqueira, rede, macaquinhos, e aula de zouk.
Encontrei a doce amiga Anita (companheiríssima) e fomos almoçar em Santa Tereza. Pegamos o bondinho que passa por cima dos arcos da Lapa. Santa Tereza é um bairro com casarões históricos e tem aquele clima alternativo como a Vila Madalena, com bares e restaurantes com varadas, chorinho, ateliers, livrarias. Só que a vista é privilégiada, por estar em um ponto alto da cidade.
Não fui ao show dos Los Hermanos por pouco, mas nem tem tanto problema. O Amarante toca todas as segundas-feiras no Circo Voador mesmo.
Na sexta, acordei cedo e fui para o Centro da cidade: conheci a Candelária, a Matriz, o CCBB (adorei a exposição do auto-retrato falado e da China Hoje, além da arquitetura do prédio), Cine Odeon, Municipal, Arcos da Lapa de novo (adoro aquela continuidade), Biblioteca Nacional que estava em greve e não pude entrar, e Confeitaria Colombo, lindíssima, mas cara e pouco gostosa. Aliás comida e atendimento é um problema no Rio. Mesmo pagando caro era difícil comer bem. Atendentes distraídos, a comida fria, engordurada, mal passada, mal temperada, carne dura e cheia de gordura. ECA! Ah, e no Rio as regras são outras. Taxistas nunca ligam o taxímetro e filas são mero detalhe que não precisa ser respeitado, mas ao mesmo tempo que fazem isso, puxam papo, abrem o sorrisão e você fica até sem graça de reclamar.
Saltei de Asa Delta! Quis fingir ser corajosa, mas tremia de medo. Quase desisti. Mas aí, o instrutor se jogou e quando abri os olhos já estava voando. O Rio consegue ser ainda mais bonito visto de cima. Praia do Pepino, Pedra da Gavea, Floresta da Tijuca, as mansões de São Conrado, a Ponte Joá. Ai, ai, como é incrivel a combinação do cenário urbano no meio da natureza exuberante. E é um silêncio impressionante, parece que o mundo parou só para você ser dona dele e curti-lo completamente.
Fui do Mirante do Leblon até o Posto 9, andando com água no calcanhar. Pena o inverno não ter aqueles pôr-do-sol, que o pessoal se reunie para aplaudir. Ah, mas ver o Vidigal acendendo as luzes também merecia aplausos. Interessante a favela ter uma das melhores vistas da cidade. Encontrei alguns globais caminhando no fim de tarde e o Danilo, um amigo de São Paulo. Tomei sorvete em Ipanema, que é uma espécie de Jardins de São Paulo. Movimentada e cheia de botiques, cafés, bares e sorveterias finas. Com a diferença que tem a melhor praia da Zona Sul logo ali.
Fui a Lapa e não perdi a viagem. Ela está renovada. Os arcos ficam iluminados, tem shows de grandes nomes como Chico no Circo Voador, funk para os fracos, travestis, rodas de sambas no beco do rato, gafieiras, salsa, botecos, casa de shows com samba, choro, MPB, samba rock (têm muita música ao vivo e brasileira), antiguários que viram boates. Você pode pagar muito ou curtir de graça. A night da Lapa é perfeita para todos. A gente pára o carro e escolhe a pé o que fazer, lapeando. Como é gostoso ver o movimento, a cidade viva, bem no centro histórico e não dentro de um carro como na Vila Olimpia e Madalena. A Lapa é alucinante. AMEI!
No sábado, encontrei o Danilo na Lapa, na casa de uns amigos dele. A rua é uma espécie de Amaral Gurgel de São Paulo. Ponto de travestis, mas com uma vista impagável para vários cartões postais da cidade. O Eduardo e o Bruno amam aquele lugar efervecente. E eu também. Esses cariocas nos levaram ao Parque Lage. Um lugar que eu jamais iria se eles não me indicassem e que é indiscretivelmente lindo. Tem piso e azulejos portugueses, uma piscina entre as pilastras jonicas e o Corcovado bem atrás. Meu queixo caiu. O mais incrivel é que ali mesmo funciona uma faculdade. Ainda é rodeado de verde e tem um aquário de carpas dentro de uma caverna.
Uns amigos cariocas da minha mãe combinaram de me levar para umas praias depois da Barra. Pensei, "e eu lá quero conhecer a Barra. Deus me livre". Ainda bem que não me livrei. Depois da cafonice da Barra, vem o escandalo que é a seqüência Prainha, Macumba e Grumari. Não tem nem barraquinha de sorvete, só verde rodeando aquela praia de areia clara e fina, e ondas perfeitas. Inacreditável ter uma reserva divina bem na capital. Queixo caído novamente.
Na volta, passamos pela Niemyer e Ponte Joá, seguindo o pôr-do-sol. Eu quero pegar muito trânsito no Rio. Lá não é stress, é só uma pausa para curtir o visual. E ainda passei pela Lagoa que começava a se iluminar no cair da noite.
E por falar em noite. Que noite! Caí na night na Casa Rosa, um ex-puteiro em Laranjeiras. Dancei forró, reggae, mpb, maracatu, samba (tudo com bandas ao vivo), e fui até o chão no funk, só pra matar minha vontade de ir ao baile.
Em pleno inverno, o domingo foi de 30 graus às 10h00. Deu praia. Caminhei por toda Copacabana - eles fecham a avenida da praia e passeiam com seus cachorros, mostrando que cidade é algo em que se vive, não se corre somente. Fiquei impressionada com a quantidade de velhinhos jogando futvolei. Claro que levei um papo com o Drummond e fiquei pensando na vida, vendo o mar bater no Arpoador. Ai, ai, ai, o Arpoador. Os artistas e poetas só podiam ser cariocas mesmo.

Já estou morrendo de saudade do meu Rio de Janeiro.



6 comentários:

Anônimo disse...

Bem-vinda ao clube dos que querem morar no Rio. ;)

E adorei a comparação: aqui, a gente mora; lá, eles vivem. É isso.

Anônimo disse...

Ah, e você é louca de saltar de asa delta...

Anônimo disse...

Que inveja da asa delta! Eu quero!

Adorei seu post... meu amor pelo Rio não é tão grande assim (tenho que confessar que São Paulo ainda faz mais minha cabeça), mas em muitos trechos me identifiquei com você.

E deu uma vontaaaaaade de viajar...

beijos

Anônimo disse...

oi milena,
retribuindo a visita blogueira. eu estudo na cásper, ainda, estou no terceiro ano.

nunca fui ao rio, mas tenho uma curiosidade em conhecer. curiosidade misturada com aquele pé atras paulistano. beijos!

Francine Barbosa disse...

O Rio é lindo mesmo, deu uma puta vontade de viajar.

Mas discordo do seu amigo. Aqui dá pra viver à beça. Aliás em vários lugares dá. Como diz Hilst: "Para onde vão os trens, meu pai? Para Mahal, Tami, para Camiri, espaços no mapa, e depois o pai ria: também para lugar nenhum, meu filho, tu podes ir e ainda que se mova o trem tu não te moves de ti"

O importante é o movimento.

bjosbjos

P.S fútil: os homens são lindos lá nééééé??? rs...

Lena Dib disse...

É lógico que a gente vive em SP, Fran. Mas vive pensando em mudar daqui, vive xingando a cidade, vive sonhando com outro lugar. Vive-se, claro.

Comentário fútil comprovado