quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ousadia incompreendida

O Carnaval pede criatividade, mas é calcado na tradição. E quando a tradição é forte, os donos da festa se fecham para as inovações e podem não compreender e injustiçar um artista que inova.

Paulo Barros foi responsável pelos desfiles mais criativos que já vi. Nos dois últimos anos, deu show na Viradouro com os enredos “Viradouro vira o jogo” e “É de arrepiar”. Antes disso, revolucionou outros carnavais na Unidos da Tijuca. Em 2004, foram vice-campeões e surpreenderam com o carro do DNA, em que bailarinos simulavam genes humanos.


Nunca levou título e muitos culpam seu carnaval moderno demais, ousado demais. Os enredos saem do comum; as alegorias são modernas e usam a estética grotesca, como a dos insetos e do holocausto no último ano; e as alas são bastante encenadas para ajudar a contar a história.

Qualquer ousadia tem seus riscos e polêmicas. Encanta uns, desagrada outros. Um desfile correografado, tira o ar de festa e fica teatralizado. Suas inovações criam um grande problema para os jurados que não conseguem compará-lo com as outras escolas, pois ele está recriando a estéstica carnavalesca, misturando o surreal e o expressionismo.

Paulo Barros saiu da Viradouro e em 2009, assina apenas o desfile da Renascer de Jacarepaguá, grupo de acesso do Rio. Também estará na Vila Isabel, mas como um braço direito de Alex Sousa. Sem assinar o desfile, e com tantas críticas, sua coragem será podada fatalmente. Uma pena.

Nenhum comentário: