domingo, 5 de dezembro de 2010

Ansiedade

“Se você não se distrai, a estrela não cai
O elevador não chega
E as horas não passam
O dia não nasce, a lua não cresce
A paixão vira peste
O abraço, armadilha”
Distração - Zelia Duncan

“Distraída”, “desligada”, “aérea” – amigos próximos sempre usaram essas palavras para me descrever. Não tenho foco suficiente para controlar meu dinheiro, dirigir, atravessar a rua, terminar de ler um livro. Diziam que iria viver muito se continuasse assim. Mas não continuei.

Dia desses acordei com o humor insistentemente intragável. Arrasada e irritada com minha falta de foco. Sempre atrasada, perdi alguns trens. E agora, acordo ansiosa. Apresso-me, mas não sei qual é a plataforma. Desespero-me ainda mais e sinto saudade da menina que andava tropeçando, porque olhava para o céu, assoviava e chutava latas.
A água sempre leva o mesmo tempo para ferver, mas sempre é mais rápido quando você não está olhando. O café não levava eras para ficar pronto, quando tudo parecia menos urgente, e eu preferia o acaso a essa espera que sufoca.     

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