quarta-feira, 6 de junho de 2012

Comida é amor



Por não sermos irmãos de fato, eu não poderia sentir o que ele sentia. Mas, por ser o irmão que eu gostaria de ter tido, eu queria poder estancar, evitar ou minimizar a dor que ele sentia. Mas não podia. Ninguém podia.

Eu sabia que devia estar presente, mas não sabia o que dizer naquela hora. Eu queria abraça-lo, mas não estávamos acostumados a isso e poderia causar estranhamento. E então, eu fiz a única coisa que eu sabia fazer, e aquilo que a pessoa mais generosa que conheço, minha mãe, fez a vida toda: comida.

Preparei com capricho uma lasanha bolonhesa, minha especialidade (única por sinal). Era muito pouco. Lasanha não cura nem frieira, quanto mais uma ferida tão profunda, mas era meu jeito de aquecer, dar apetite, cuidar. E cuidado é amor. Comida bem feitinha, na hora, e só para você, é amor. Ao menos, foi esse o jeito que aprendi a dar e receber amor. 

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