sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Adolescentes até quando? (ou por que a geração Y está infeliz?)

Nesse domingo, conversava com dois grandes amigos sobre a dor de crescer. Nós, aos quase 30 anos, ainda temos uma dificuldade enorme em bater asas e viver como adultos. Não queremos casar ainda. Até evitamos o assunto. Filhos: podemos falar sobre isso daqui oito anos? O futuro brilhante que havíamos prometido a nós mesmo parece demorar e duvidamos se virá. A dor parece maior para meus amigos, bem mais inflexíveis em seus sonhos do que eu. O único que havia saído da casa dos pais contava moedinhas para pagar o aluguel de uma república de trintões (república de trintões?). E o único satisfeito com a remuneração, estava descontente com as pressões do dia a dia e volta e meia, pensa em jogar tudo para o alto.

Procuramos o divã para tentar solucionar um ciclo de frustração, ansiedade, angústia e até depressão - causado por excessivas cobranças e altas expectativas. A vida não é tão precisa quanto as planilhas de Excel, e a ausência de controle nos causa pequenos surtos. Alguns mimos nos fizeram crer que o caminho seria mais fácil, e por isso, nos dá vontade constante de descartamos tudo o que não está de acordo com os nossos sonhos - empregos, chefes, namorados(as), cidade ou país. Pula-se de emprego em emprego, e pior, de casamento em casamento.

Não que eu seja contra divórcios e demissões. São libertadores. Mas será que essa efemeridade está correta? Não temos paciência para aprender ou superar dificuldades, especialmente as emocionais, e  nada nos garante que a próxima parada será melhor. As vezes, essa obsessão por tentar tornar a vida uma reta perfeita - tudo dentro de um cronograma, sem imprevistos - a transformou em uma pista de corrida de obstáculos. Não sabemos contorna-los (porque o caminho pode ser longo as vezes), então pulamos, mas em seguida está outro obstáculo, e mais outro, e mais outro (as vezes todos iguais).

No dia seguinte, li a coluna da Ruth Aquino na revista Época e que discutia a nova orientação de psicólogos americanos de que a adolescência só termina aos 25 anos. Ruth, hoje aos 50, mesmo sem o córtex pré-frontal totalmente desenvolvido, saiu de casa aos 21 anos e se virou - cheia de independência  responsabilidades e orgulho. Apesar das dificuldades, amadureceu. Com menos expectativas (o que não significa com menos sonhos), conseguiu ser menos frustrada [felicidade = expectativas - realidade]. Com meus pais não foi diferente. Aos 21, eram arrimo de família.

"Era preciso ter um emprego, não necessariamente o dos sonhos. Bastava que o salário fosse suficiente para não depender de pai e mãe.  Se o emprego se relacionasse aos estudos, que privilégio! Almejávamos múltiplos destinos, mas não havia tempo nem grana para experimentar primeiro e decidir depois" - dizia na coluna. E ainda:
"Prolongar a adolescência para além dos 18 anos é prolongar a angústia. O jovem não é tão despreparado quanto teme. Nem tão brilhante quanto gostaria".

"Adolescentes até quando? - Ruth de Aquino
Why Generation Y are unhappy ? 

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