quinta-feira, 15 de março de 2007

Mais sobre a Priscila

“Eu sou igual a vocês. Só que vocês andam e eu sou cadeirante, só isso”.

(Priscila da Silva, 13, ferida na troca de tiros que se seguiu a um assalto a banco, falando sob sua nova condição, que ela espera ser passageira (e eu também). Sorrindo, animada e vibrante como... uma menina de 13 anos, cheia de vida).

“E qual o momento mais difícil que você já passou nessa cadeira?”, perguntou a repórter da Record.
“Na hora de tomar banho. As pessoas vêm me pegar e mudar para outra cadeira, eu fico meio com medo, falo “cuidado, me pega direito”, elas dizem “calma”... Mas é só o começo, eu estou aprendendo, daqui a pouco eu consigo mudar de cadeira”.
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Já falei sobre o Isaías, pai da Priscila, por quem tive muita admiração ao dizer que nem sabia o que aconteceu com os assaltantes. Agora, é a menina que me encanta. Como eles podem ser tão incriveis? Como ela pode ter tanta sabedoria, otimismo, vontade de viver, e serenidade sendo tão nova? Dá vontade de ir na casa deles e consultá-los como monges e sábios. Dá vontande de acreditar que a felicidade é obra nossa mesmo, independente do acaso, dos obstaculos e tudo mais. Essa família me comove, me arrepia quando ouvi eles falarem.

Será que eu estou tomando injeções de Polyanna na veia? Será que isso é danoso? Será que eu não deveria fazer post de revolta? Será que a felicidade me deixa cega? (Ahhh, problema meu. Ninguém mandou ler Polyanna e Polynna Moça na infância)

Um comentário:

Francine Barbosa disse...

Ai Mi, acho que tá sendo Poliana sim... Todos nós escondemos nossos momentos de fraqueza diante dos outros, diante das cãmeras... Com essa menina não é diferente. Acho também que idealizar as vítimas pode levar a uma banalização ainda maior da violência. Se antes a imagem da mãe chorando desesperadamente era um produto que dá ibope, agora está acontecendo o mesmo com a coragem das vítimas e seus familiares... O mundo pós-moderno não admite fracos, rs...

um beijo