sexta-feira, 25 de maio de 2007

Pelas cotas

Hoje, estréia Piratas do Caribe 3. Assisti o primeiro da série e achei bom e só. Semanas atrás, a sensação foi o Homem Aranha 3. Assisti o primeiro e não gostei tanto. Mas, fiquei curiosa para ver o último. Shreek 3 estreia semana que vem e não perco por nada. Já assisti os dois anteriores e adooooro rever várias vezes com meus afilhados.

Os 3 Blockbusters têm em comum um marketing milionário. Resultado: números estrondosos de bilheteria.

Não sou contra filmes que são sucesso de bilheteria. Muito pelo contrário. Acho que agradar ao público tem que ser uma obrigação do cinema. Até me pergunto do que adianta o governo investir no cinema nacional se ele não consegue ser visto. É como gastar verba para construir escolas que não tenha alunos para estudar.

Porém, é muito difícil que o cinema nacional seja visto, e muitas vezes não é por falta de qualidade. Eu já perdi as contas de quantas vezes morro de vontade de assistir um filme nacional, mas perco a oportunidade. Isso porque eles ficam em cartaz em uma ou outra sala, por apenas um ou dois fins de semana.

Enquanto isso, esse fim de semana Piratas + Aranha dominam 68% das salas de São Paulo. No shopping Penha, os dois filmes estão em 100% das salas. No Shopping Santa Cruz, apenas uma as 11 salas não passa um dos dois filmes. De acordo com os guias de programação na internet, São Paulo tem 61 filmes em cartaz. Coitados dos outros 59 que disputam as poucas salas que sobram.

Não seria ideal se houvesse um equilibrio? Nada contra o sucessos de bilheteria. Aliás, acho que quanto mais sucesso fizer, mais tempo deve ficar em cartaz. Mas essa hegemonia das salas é covardia. Se você não escolheu seu filme desse fim de semana, e for ao acaso ao cinema, será praticamente coagido a assistir a piratas ou aranhas na telona.

Nas salas da Paulistas, as ditas como "cult" - Piratas e Aranhas dividem 20% das salas. Poxa, se temos outros 50 para ver, já é um sucesso um único filme ter 10% das salas. Imagine nas cidades que não são recheadas de cine-clubes como São Paulo, os Piratas devem ter tomado as salas de assalto.

Por isso, sou a favor das cotas nacionais no cinema. Caso contrário, investimentos que vem do nossos impostos para preservação da cultura estão indo ralo abaixo. Com reservas de salas é possível cobrar qualidade dos filmes nacionais antes de patrocina-los, bons filmes poderão conquistar o circuito comercial, ter retorno em bilheterias e chamar a atenção de outros patrocinadores. Além é claro, do espectador ter poder de escolha e valorizar a nossa cultura.

Um comentário:

Francine Barbosa disse...

Você não faz idéia de como fico feliz de ler isso aqui :)

Outra coisa que não deu tempo de comentar aquele dia: os pacotes que os grandes estúdios vendem para a TVs. Funciona assim: se a Globo quiser comprar os direitos de exibição do Homem Aranha 3, tem que levar junto o novo American Pie, duas comédias românticas, um remake de terror japonês e umas 5 sessões da tarde (numa das quais provavelmente haverá um cahorro falante). Escandaloso né? Se, segundo o Rafa não existe mais reserva de mercado, então que sumam com esse cartel, c...!!!! Não há provas, mas duvido que isso não aconteça nas redes de cinemas também......
E aí, se o ingresso do cinema de shopping é R$16 e a TV não passa filme nacional onde é que fica o direito à auto-imagem que todos os povos têm? Porque nem a heroína da novela nem o Alemão do Big Brother parecem comigo...

bjos