quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Chão, chão, chão

Quando confesso a alguém que gosto de funk, a pessoa se benze três vezes, dizendo Cruz Credo - Q horror!Concordo, não são os melhores letristas ou interpretes, mas o ritmo tem seus méritos.


Primeiro, há de concordar, a batida da música não é apenas sensual, como também sedutora. Não há muitas regras para dançar, o corpo lançasse naturalmente. Tente não reparar nas letras, apenas no som, que seu corpo se joga fácil.


Uma prova do poder e qualidade da batida carioca é a rapper pop MIA. Nascida no Sri Lanka, mas morando há tempos em Londres, ela mescla o funk carioca com outros ritmos como pop e hip hop e faz músicas com letras bem mais interessantes (fala até de gripe aviária), sem perder a sedução do funk carioca. Ah, dá pra misturar funk com samba também e o Monobloco saí arrebentando.


Quanto as letras, não sejamos hipocritas. O que você gosta de ouvir, Bossa Nova? Pois é, um ritmo gostoso, bem comportado, com letras quase parnasianas e bem cariocas. Mas "A coisa mais linda e cheia de graça" e "Rio você foi feito pra mim" é no minimo ingênuo, com letras feitas por quem se sentavam no Leblon, admirava o mar e nem notara que tinha um Vidigal ao lado. Pois é, já era hora de alguém olhar para o Vidigal.


As letras são exageradamente vulgares, eu concordo. Chega a dar vergonha de ouvir perto de crianças, pais ou avós. Mas mesmo com a mulherada se requebrando sem calcinha nos bailes, não dá pra dizer que o funk carioca coloca as mulheres em posição de objetos. Muito pelo contrário. Enquanto no axé, mas propriamente no espero extinto bunda music, as mulheres eram as dançarinas para músicas do tipo "Desce, desce, danada", "Olha o kibe", "Venha nega, vá", no funk elas tem voz ativa. Aliás, nem Rita Lee conseguiu fazer música que represente a mulher tão dona de si, quanto Tati Quebra Barraco e Deise Tigrona. Afinal é audaciosa e cheia de opinião uma mulher que vem a público cantar "A porra da buceta é minha" uma total quebra de tabu, uma mulher cantar "Daku é bom".

Pode faltar requinte em suas letras, objetivas demais, mas que são originais, são.

4 comentários:

Anônimo disse...

"O que você gosta de ouvir, Bossa Nova? Pois é, um ritmo gostoso, bem comportado, com letras quase parnasianas e bem cariocas. Mas 'A coisa mais linda e cheia de graça' e 'Rio você foi feito pra mim' é no minimo ingênuo, com letras feitas por quem se sentavam no Leblon, admirava o mar [...]".

Bah, adorei! Esse sou eu, sou eu, sou eu! Ah, e nem é um ritmo tão comportado assim, vai...

=)

Unknown disse...

Huahuahuahua... É praticamente uma coligação a favor da música Popular.

:)

Francine Barbosa disse...

Protesto! E o samba? E o jazz? Dá pra ser sensual sem ser vulgar sim!

Independente das letras, as meninas vão dançar de shortinho, rebolando pros caras... Cadê a independência nisso? Mas isso não acontece só no funk, na Vila Olímpia é igual, só muda o figurino e a chapinha.

bjos

Lena Dib disse...

Fran,
Longe de mim, dizer q funk seja melhor ou tão bom qto samba e jazz.
E como assim cadê a independencia? Elas rebolam de shortinho, dizendo, vem cá meu nego, q vai ser do jeito q eu quero. Rebolar pode ser uma atitude independente, oras. Aliás eu acho q feminista de verdade deveriam gostar de sexo.