sexta-feira, 14 de julho de 2006

Boleros

A noite de ontem foi perfeita para o tema Drama. Começa com aula de bolero, com direito a "Sob Medida" do Chico. A dança, a música, a letra, a batida, e até os passos de dança são dramáticos e passionais no bolero. Depois, eu e dois amigos que curtem as palavras e expressões dramáticas (daqueles que até choram com músicas e poesia) decidimos ir ao Roda Viva, um bar na Vila Madalena que toca exclusivamente Chico Buarque. Impossível crer que alguém não goste desse homem. Ele sim é a minha primeira e grande paixão. Em sua poesia, prosa e acordes. E mais, eu gosto é quando ele canta, com sua interpretação triste, dramática e apaixonada. Um dos melhores trechos da noite:

Sob Medida (a Rodriguiniana)
(...)"Eu sou sua alma gêmea
Sou sua fêmea
Seu par, sua irmã
Eu sou seu incesto (seu jeito, seu gesto)
Sou perfeita porque
Igualzinha a você
Eu não presto
Eu não presto

Traiçoeira e vulgar
Sou sem nome e sem lar
Sou aquela
Eu sou filha da rua
Eu sou cria da sua
Costela
Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos seus
Meu amigo
Se ajeite comigo
E dê graças a Deus"

Tatuagem (a sadíca)
(...)"Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina, salta e te ilumina
Quando a noite vem" (...)
"Quero pesar feito cruz nas tuas costas
Que te retalha em postas mas no fundo gostas
Quando a noite vem"(...)
"Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, ferro e fogo
Em carne viva"

Olhos nos Olhos (a amarga e cínica)
(...)Olhos nos olhos
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais
E que venho até remoçando
Me pego cantando, sem mais, nem por quê
Tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você
(...)Olhos nos olhos
Quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz

Eu te amo (a mais dolorida)
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

2 comentários:

RicBrSp disse...

Oi Lena,
Só li o primeiro tópico sobre Chico Buarque, meu comentário é o seguinte:
No início Chico vinha muito bem, com letras maravilhosas, depois q o pai dele morreu, nunca + escreveu, ou compos como antes, e as letras tão fracas, palidas idéias da musicas anteriores, como da opera do malandro e etc...
Bjs....

Francine Barbosa disse...

Oi flor!

Ai...tem certas coisas, que apesar de ruins, estimulam tanto a criatividade!!
A minha favorita é "Tatuagem". Se é para sofrer, que seja ao máximo.

Um beijão!