segunda-feira, 21 de maio de 2007

Eu sou do samba...

Semanas atrás assisti a "Música para os olhos", o documentário sobre Cartola. Ele mostra que um dos maiores gênios da música brasileira, na minha opinião até mundial, nasceu, viveu, e morreu pobre. Mas pobre de marré-de-si.

Ontem Zé Ketti foi merecidamente homenageado no Prêmio TIM. Cada samba mais lindo que o outro, cheio de poesia e como crônicas dos morros cariocas. Além de divinos, seus sambas são conhecidíssimos, como o "Eu sou do samba, sou natural aqui do Rio de Janeiro...". Nem precisa ser especialista em samba para já ter ouvido mesmo que por acidente algumas de suas músicas. Ou seja, mesmo tendo suas composições amplamente tocadas, gravadas, e regravadas, Zé Ketti também nasceu, viveu e morreu Pobre.

E aí a gente pensa. Poxa naquela época, a música não dava dinheiro, mas principalmente o samba não dava futuro, era coisa de vagabundo, de malandro. Mas, eles sempre tinham algum ganha pão (o Cartola era famoso, ia a TV, mas foi contínuo até o fim da vida).

Sábado assisti ao documentário "Onde a Coruja dorme" que tem como figura central Bezerra da Silva, a melhor caricatura de malandro carioca que Deus já inventou. (mto bom filme por sinal, divertido, com foco, fluído, passou rasteira no pretencioso Musica para os olhos - essa é pra te provocar Fran).

Assim como Zé Ketti, Bezerra é produto e cronista do morro, mas o filme não trata de sua biografia. Ele olha para o que está por trás do sucesso de Bezerra: seus grandes compositores. O filme é de 2001, e mostra alguns dos compositores jovens, entre seus 30 e 40 anos. Apesar de terem sambas conhecídissimos, ganham o pão de cada dia trabalhando como pedreiros, camelôs, comerciantes. São gênios, não tão poéticos como Cartola, mas cronistas como poucos. Deveriam ter ganhado uma grana enorme por suas composições, mas nasceram, vivem e vão morrer no morro. Eles fazem os sambas de malandros, mas trabalham de sol a sol. Ou seja, o samba continua a não dar sucesso, fama e nem dinheiro.

Alguém pode me explicar então como o Belo e afins conseguiram carrão, mulherão? Ou mesmo como enriqueceram os nomes que respeito e gosto muito como Dudu Nobre e Zeca Pagodinho?

Eis o mistério do samba.

6 comentários:

Anônimo disse...

Comentário reclamão: eu gostei de "Música para os Olhos". E eu gosto do Zeca Pagodinho. Humpf.

:P

Lena Dib disse...

Eu adoro muito o Zeca Pagodinho e o Dudu Nobre.

Anônimo disse...

Dudu Nobre eu não gosto muito, mas o Zeca é bom demais... Tem até show dele chegando por aí! :)

Francine Barbosa disse...

Ainda não vi o doc sobre o Bezerra... mas "Música Para os Olhos" coloca Cartola como um dos ícones da nossa cultura, junto com Machado e Glauber... com suas músicas ilustrando momentos da história do país... Mesmo sem ter gostado, vc há de concordar que há um conceito e reflexão no filme (porque documentário não é videoclipe!!! rsrssr)

bjocas

Francine Barbosa disse...

Ah, e a gente precisa sair pra uma batucada qlq dias desses, poxa vida!!

Lena Dib disse...

Quero muito batucar e sambar até o chão. Todos os sábados tem feijoada na Vai-vai. Temos que ir antes que o Kassab acabe com a festa.

E você tem toda a razão. Documentário não é videoclipe. Documentário é coisa séria, coisa de jornalista. Por que jornalista não faz videoclipe, são seus colegas que fazem.