Há duas semanas, conheci Bryan, diretor de Relações Públicas para as Americas da multinacional americana que trabalho. Bryan é negro e gay. Ao olhar os corredores de baias e conhecer os executivos brasileiros, ele pergunta "Por que vocês não tem negros trabalhando aqui?" - "No Brasil, não tem negros como nos Estados Unidos?"
Desconcertante responder a ele que temos menos de 1% de funcionários negros na sede do Brasil, um país em que quase metade da população é negra.
Depois não adianta dizer que é o país do Bryan que é racista e que exclui negros. Por serem declaradamente excluídos, os negros norte-americanos conseguem se agrupar, se fortalecer, e criar políticas para ascender socialmente.
Aqui a gente aplaude os negros no Carnaval e finge que é normal que os descendentes de escravos mantenham o mesmo delta de desigualdade em relação aos brancos durante vinte anos. É incrível, mas os Estados Unidos poderão ter um presidente negro antes de nós.
3 comentários:
Belo texto. Assino embaixo.
Tentando ser um pouquinho mais otimista, no entanto, lembro do ministro do STF Joaquim Barbosa, sem dúvida o grande personagem da vida nacional na última semana.
É, o que o Fábio falou até tem sentido.
Mas ao mesmo tempo reforça o argumento simplista de que "querer é poder": ele era pobre, estudou em escola pública e "venceu na vida".
Logo, todos poderiam fazer o mesmo, o que falta é vontade.
E assim a gente segue ignorando o preconceito...
Bem, não conheço a biografia do Joaquim Barbosa. Pode até ser do tipo vim, vi e venci. Sei que ele é uma excessão, mas é mto bom que um cara que vai fazer a história do país seja negro e que uma população inteira aprenda a se orgulhar dele e não apenas pelo passado pobre. Um dia isso vai se tornar cada vez mais normal. Também sou otimista como o Fabio.
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