quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Rasgando o diploma II

Além de ter escolhido uma profissão do mal, como falo no post anterior, ser jornalista significa ser fudida e mal paga. Se é pra vender a alma ao diabo, que seja por muito, mas não é. E aí me pergunto, como jornalista consegue ser tão arrogante, mesmo vivendo na maior pindaiba? Não conheço um colega que esteja realizado em redações. (hehehe, agora conheço o Fabio Matos recém-contratado da ESPN). E os colegas que escolheram outras profissão já compraram seus carros, viajaram para o exterior, vestem-se bem, etc.


Por que somos fudidos e mal pagos:


1 -Os chefes de redação e editores podem dar medo no Diabo. Eles xingam reporteres sem cerimônia e até lançam objetos, como já aconteceu comigo. Hoje, que trabalho em uma empresa multinacional, os chefes podem não ser anjos, mas se preocupam com as leis, ao menos.


2 - Os colegas são tão mal pagos como você, mas acreditam que tem o rei na barriga e que um dia vão fazer a reportagem que vai mudar o mundo. Se possível pisam em você de cuturno e criam o ambiente mais hóstil do mundo. (Fatos reais que ouvi de uma amiga)



3 - O piso salarial como o nome diz é pouco, e nem assim é cumprido. (Fato real de amigos)



4 - Não há diferença entre estagiário e repórter praticamente. Um é substituido pelo outro sem pestanejar. O resultado você lê e ri por aí. (fato real também de amigos)


5 - Até mesmo em assessoria de imprensa, jornalista é PJ, pessoa juridica. Isso é tem que pagar imposto e ainda não tem direito a férias, assistência médica, etc. Até aí tudo bem, um médico que tem seu consultório é um profissional liberal também. O problema é que na assessoria tem uma agência lucrando em cima de você. O cliente paga x para a agência te contratar (mas ela não contrata, vc é pj) e a única coisa que ele oferece é o seu serviço que é x - a parte da agencia. Engraçado, né? (fato real de amigos meus)


6- Fim de semana, feriado, Natal, Carnaval, madrugada, família, namorado? Luxo. Você sempre soube que isso não te pertenceria antes de escolher essa profissão e se orgulhava de ter um trabalho dinâmico. Mas em algum momento você sente que a vida é mais do que uma redação e fica louco para prestar um concurso público para a Caixa Econômica Federal.


Depois de ouvir essa semana reclamação de todos os meus amigos, tenho certeza que vou rasgar o meu diploma.



Obs: Elio Gaspari falou no treinamento da Folha que a melhor fonte do repórter novo são seus colegas de geração. "É uma aplicação de longo prazo. Seus colegas de hoje serão diretores de empresa, embaixadores, dirigentes esportivos, especialistas, médicos, cientistas proeminentes nas próximas duas décadas. Mantenha contatos"


Se eu for seguir o conselho do Gaspari, no futuro, ao pegar minha agenda e ligar para os meus amigos do colégio vou chorar, porque eles viraram coisas tão importantes e eu tô lá trabalhando no fim de semana por um salário pifio, sendo chicoteada pelo editor e sem perspectiva breves de me dar bem como a minha geração.


Sabia que os jornalistas pertencem a classe com maior índices de alcolismo? Não se engane, não é porque rola muita festa, é muito sofrimento mesmo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, fiquei chocada. Quer dizer, sabia que era um pouco "profissão maldita", mas não tanto.

Engraçado que outro dia mesmo tava falando como a faculdade de jornalismo é infinitamente mais divertida que a de Direito.

De repente ficar três anos desempregada estudando pra passar em concurso não soa tão mal assim...

Lena Dib disse...

Ná, querida,
Apesar da amargura dos últimos post não me arrependo. Tenho certeza que um curso de jornalismo é infinitamente mais divertido que Direito. Minhas leituras obrigatórias são best-sellers. Meus livros técnicos são gostoso e bem escritos.

Glaucovsky disse...

Conheço bem a profissão, mas tem seus altos e baixos. Atualmente o jornalismo brasileiro é elitista e demagogo. O que é uma pena.

Francine Barbosa disse...

(Fran faz sinal da cruz)

Ia dizer "ainda bem que faço Cinema"... mas como sei que a coisa vai ser punk, vou ficar quieta, rsrs...

bjo